Eliminação do Tracoma: projeto da OPAS realiza inquéritos com mais de 3 mil indígenas do Tocantins

Profissionais de Enfermagem do Tocantins participaram do trabalho de campo

31.07.2024

Para avançar no plano de eliminação do tracoma como um problema de saúde nas Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o governo do Canadá estão desenvolvendo um projeto em 10 países da Região. No Brasil o projeto está sendo implementado em cooperação com o Ministério da Saúde, no Distrito Sanitário Especial Indígena Tocantins. No primeiro ano da iniciativa, que vai até 2028, foram realizados inquéritos (exames e coleta de dados) com mais de 3 mil pessoas.

Antes da aplicação dos inquéritos, foi realizado um piloto para alinhamento das equipes e ajuste da metodologia. As equipes foram compostas por examinadores, registradores capacitados pelo sistema de formação para inquéritos de prevalência do tracoma do Tropical Data/ICTC, supervisores de campo e equipe de saúde local, oriundos do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde de Tocantins, do Instituto Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do DSEI Tocantins.

A oficial de Malária e Doenças Infecciosas Negligenciadas da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS), Sheila Rodovalho, explica que a “aplicação de inquéritos tem o objetivo de fornecer uma melhor compreensão da situação local, avaliando os residentes das casas, principalmente as crianças, para entender a transmissão da doença”.

A consultora técnica do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde do Brasil, Maria de Fátima Costa Lopes, destaca que a localidade foi escolhida porque “apresentou um histórico de ocorrência de casos de tracoma, além de não ter participado do inquérito nacional de prevalência para validação da eliminação do tracoma como problema de saúde pública, realizado em 2018 em áreas não indígenas, e em 2021 nas áreas indígenas”.

Durante os inquéritos, foram visitados 750 domicílios e examinadas 3.123 pessoas, incluindo 894 crianças de 1 a 9 anos. De acordo com Maria de Fátima Costa Lopes, além do diagnóstico do tracoma, os inquéritos promoveram “o intercâmbio institucional com abordagens interculturais e de gênero”.

As informações coletadas foram enviadas pelas equipes diariamente pelo smartphone para o Tropical Data, que é um hub com dados globais sobre tracoma. Os resultados serão apresentados posteriormente para construir uma proposta de intervenção intersetorial com ênfase nas questões interculturais e de gênero, envolvendo a participação da população local.

O tracoma, que é uma doença ocular infecciosa e principal causa de cegueira entre mulheres em áreas pobres e remotas da América Latina, é endêmico em muitas áreas rurais, pobres e remotas do mundo, incluindo Brasil, Colômbia, Guatemala e Peru, onde afeta cerca de 5,6 milhões de pessoas. Na América Latina, as populações indígenas da bacia amazônica são desproporcionalmente afetadas pela doença.

Estima-se que as mulheres têm duas vezes mais chances de serem afetadas pela doença e até quatro vezes mais chances do que os homens de ficarem cegas devido ao tracoma. Isso se deve a uma combinação de fatores, incluindo funções tradicionais de cuidado baseadas no gênero em comunidades endêmicas, baixa escolaridade e acesso limitado a serviços básicos de saúde.

Causado pela bactéria Chlamydia trachomatis, o tracoma é transmitido tanto por moscas quanto pelo contato direto com as secreções oculares de pessoas infectadas. Os fatores que favorecem a transmissão incluem superlotação e condições sanitárias e de higiene precárias.

Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)

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